Olá,

        Nessa page, disponibilizo informações sobre a linha de guitarras superstrato da GTX Guitars,"a Kaman Music Product". Diante da falta de informações precisas sobre o período em que a corporação montou um polo de fabricação na Coréia, iniciei uma pesquisa coletando os poucos dados existentes, juntando os fatos e acrescentando o que eu sabia por ter adquirido em uma loja a GTX 33 lacrada. Assim, desvendei o serial number, possibilitando saber o ano de fabricação dos modelos made in Korea. Ressalto que, qualquer informação adicional é muito importante, não só para mim, mas para todos os interessados no assunto.

Saudações!           

Aquisição da GTX 33 

Em Julho de 1992 eu e dois amigos músicos, viajamos de Nova Andradina- MS para Presidente Prudente - SP com a missão de escolher uma guitarra, um baixo e uma bateria para a banda Razão Jesus. 

Na loja Sonotec, dentre vários modelos e marcas, a GTX 33 me chamou atenção. A pintura em cristal verde púrpura, perecida com um quartzo de turmalina melancia in natura, o formato arrojado, o setup e o som matadores. Pra mim, ter nas mãos uma guitarra dessa linhagem, era um sonho. Até aquele momento eu não conhecia a marca. Ao ler o folder que estava na case, soube que a GTX Guitars era uma das marcas que pertencia à Kaman Music Corporation fundada em 1966 nos USA por Charles Kaman, projetista dos fantásticos violões Ovation tão celebrados no meio artístico. Liguei a GTX 33 e de cara gostei do timbre e da pegada. Após testar outros modelos optei por ela.   

Folder  
28 anos guardado!

No estojo da case, dobrado, estava o folder da Kaman Music Corporation em parceria com a revista Guitar Player. Na parte da frente era oferecido um desconto na assinatura da revista. Aberto, como cortesia, encontrava-se uma aula sobre escalas menores de blues, escrita pela Jeniffer Batten, guitarrista famosa por tocar com Michael Jackson. Essa aula foi publicada na Guitar Player em Julho de 1990. No lado de trás, estavam as informações sobre a Kaman Music Corporation e seus produtos. No mesmo compartimento estavam a haste da alavanca, um blister com o esquema do TRS-101 (Takeuchi, made in Japan, sob licença da Floyd Rose) e duas chaves Allen para regulagem do lock nut e da ponte. 

Especificações:  

Modelo : GTX 33

Tipo de traste: Jumbo

Tarraxas: Ping

Trava, ponte e micro afinação: TRS-101 

Capitadores: 1 xk-120 e 2 xk-110 (H-S-S) 

Chave seletora: 5 posições

Chave de bobina: 

Knobs: 2 - volume e tom

Escala: Rosewood 

Marcação: Triangular perolado

Cabeça: Invertida

Madeira do braço: Maple canadense

Número de trastes: 24 

GTX Guitar Serial Number 


Após pesquisar na internet o neck plate de várias GTX, lancei tudo no excel e mandei ordenar do menor para o maior.

Percebi que todos números de série eram compostos por seis dígitos e que o primeiro é sempre 5, indicando claramente que esse é o numeral designado pela GTX Guitars para essa linha made in Korea. Contudo, guitarras Celebrity by Kaman também fabricadas na Coréia, além do neck plate liso, sem alto relevo, traziam sete dígitos. Mas esse não é o foco dessa homepage. Falarei disso posteriormente.   

Analisando os números seriais de forma sequencial, notei que o segundo numeral começava pelo 4, ia para 5, depois para 6, 7, até 8. Mas o detalhe é que não encontrei nenhum 0, 1, 2 ou 3. O menor que encontrei foi o 4, significando que o esse dígito corresponde ao ano de fabricação. Então a linha GTX começa a ser fabricada na Coréia em 1984, e até onde sei, seguiu até 1988. Se alguém souber de um serial com a segunda posição 9, então teremos aqui uma mudança.

Os números que apareciam na terceira posição, me fizeram pensar que poderiam indicar o mês. Mas uma guitarra fabricada em Novembro precisaria de dois dígitos,  deixando apenas duas casas livres. Outra hipótese seria o modelo ou até mesmo a cor, mas comparando a minha guitarra com outra exatamente igual, só coincidiu o ano de fabricação, 1987, o restante era diferente.  Dessa forma, restou apenas uma definição: O numeral da terceira posição indica o lote de fabricação. 

Os três últimos números indicam quantitativo propriamente dito. Assim, em cada lote eram fabricadas até 999 unidades. Por isso as duas casas livres nas últimas posições não bastavam. Na seção FOTOS tem uma galeria com os neck plates encontrados na internet. Segue o demonstrativo onde usei o serial number da minha GTX 33. 

Para essa página usei fotos da internet.. Se alguém for contrário ao uso das imagens basta entrar em contato que eu as retiro. 

GTX Historical Background


Antes de falar da GTX é bom tentarmos entender um pouco como esse tipo de guitarra apareceu em cena. Não há um consenso sobre a invenção da superstrato. O processo de criação não aconteceu numa tacada só. A insatisfação com o desempenho das guitarras que estavam disponíveis no mercado e a crescente popularidade do Heavy Metal e do Hard Rock, trouxe uma nova geração de guitarristas que empregavam técnicas rápidas e complexas que exigiam braços de guitarras mais finos, capitações capazes de suportar altas distorções e sistemas de tremolo estáveis. Esses fatores foram determinantes para o aparecimento da superstrato. Começou com a substituição de capitadores, depois a trava para o nut junto com as pontes flutuantes mais encorpadas e por fim a micro afinação foi acoplado a esse sistema. O formato arrojado do corpo, as inversões do headstock e o aumento da quantidade de trastes também acompanharam essas mudanças caracterizando o perfil desses instrumentos. Em 1974 Richie Blackmore substituiu os capitadores de uma stratocaster. Eddie Van Halen em 1976 tirou os três single de uma strato e instalou somente um hambucker na ponte. Micheal Hampton da banda Parliament Funkadelic, no final da década de 1970 usava uma Strato com 3 humbuckers e o headstock invertido.  

De 1980 em diante a superstrato começa a ganhar um espaço importante no mercado, fazendo com que as fábricas renomadas repaginassem seus conceitos e incluíssem nos seus catálogos modelos com a capitação diferenciada. Posteriormente, travas e pontes com micro ajustes também acompanhavam os modelos.

Em 1983, já havia uma produção em massa de superstrato. Fábricas não muito conhecidas até então, como Jackson, Kramer, Yamanha, Ibanez, Charvel, Hammer e outras, passaram a ter destaque no cenário mundial lançando modelos de superstrato bem interessantes.

A GTX era uma marca da Kaman Music Corporation para guitarras e baixos, fabricados na Korea na década de 80. Nessa página o foco está direcionado para a linha superstrato. São elas:

GTX 22 

GTX 23 Applause 

GTX 33 

GTX 33 Sustainiac

As guitarras GTX made in Korea possuem o neck plate em alto relevo, as primeiras a serem lançadas foram a GTX 22 e GTX 23 - Applause, no ano de 1984 e continuaram sendo fabricadas até 1987. Após esse ano não encontrei mais nenhum registro de lançamento desse modelo.  

GTX 22 

A GTX 22 vinha com a seguinte configuração: 22 trastes, 2 capitadores, sendo um single coil (fenda inclinada) e o outro um humbucker, uma chave seletora de duas posições, uma chave de derivação de bobina para o xk-120, 3 knobs, dois tones e um volume, ponte KMD com micro afinação, trava e alavanca. 

GTX 23 Applause

Com 22 trastes, essa guitarra era comercializada com a mesma capitação da GTX 33. Difere pela ponte que é da KMD e por ter 3 chaves seletoras individuais que resultam em 5 posições. Como a GTX 33, também vinha com 2 knobs, volume e tone.  

GTX 33 

A GTX 33 aparece em cena pela primeira vez em 1985 e seguem sendo lançadas até 1988. Depois desse ano, não existem mais registros de lançamento.

As primeiras GTX 33 de 85 e 86, vieram com 2 detalhes diferentes daquelas que seriam lançadas em 87 e 88. O primeiro detalhe é na fenda do compartimento da parte elétrica, que fica na parte de trás da guitarra. Basta olhar as imagens que fica claro a diferença da fenda dos knobs. 

GTX 33, serial number 555874  - ano 1985

GTX 33, serial number 565039 - ano 1986

GTX 33, serial number 576285 - ano 1987

GTX 33, serial number 583923 - ano 1988

O segundo detalhe é na ponte móvel. Os modelos de 85 e 86 vinham com o logo GTX na ponte, os modelos de 86 e 87 com a inscrição TRS-101. Notem que os parafusos de fixação da ponte também são diferentes, os primeiros eram de fenda e os últimos, modelos Philips. Confiram!

GTX 33, serial number 555874 - ano 1985 com logo GTX na ponte. Capitadores e os knobs originais foram substituídos.

GTX 33, serial number 565039 - ano 1986 como logo GTX na ponte 

GTX 33, serial number 576285 - ano 1987 como logo TRS-101 na ponte

GTX 33, serial number 583923 - ano 1988 com logo TRS-101 na ponte

GTX 33 Sustainiac 

Esse modelo também era comercializado com a mesma capitação da GTX 33, com exceção do capitador do braço, que é um rail. Vinha com 24 trastes. A ponte é da KMD. Possui 3 chaves seletoras individuais que resultam em 5 posições, 1 derivador de bobina, e 1 ativador de sustentação para o rail, 2 knobs de controle, volume e tone.

Sobre a linha GTX

A linha GTX de guitarras entrou no mercado na década de 80, onde o New British Heavy Metal era uma febre que se espalhou pelo USA e pelo mundo. Guitarristas como Eddie Van Halen, George Lynch, entre outros, usavam modelos que chamavam atenção não só pelo visual, mas pelo som matador. Suas pontes flutuantes e micro afinações, literalmente, alavancaram de vez o estilo. A GTX caiu como uma luva para quem não tinha grana para investir num instrumento com esse set up comercializados por outras marcas. Seu custo benefício tornou possível o acesso a esse tipo de equipamento. Esse foi o meu caso. Por essa ótica, a contribuição do projeto GTX Guitars made in Korea, desenvolvido pela Kaman, foi de extrema importância. O custo era acessível. Se bem me recordo, a minha GTX 33 cristal verde púrpura, apelidada pelos gringos de watermelon, custou algo em torno de 250 USD. Na época uma guitarra desse padrão custava 1800 USD ou mais. Claro que o acabamento a madeira e o set up eram de qualidade inferior, se comparados com as mais caras. A GTX não era um instrumento para um músico profissional que atuasse em gravações ou turnês de grandes bandas do cenário mundial. Não conheço nenhum guitarrista importante que tenha usado uma dessas. Eu toquei com a GTX 33 durante anos em colégios, ginásios, praças, palcos, igrejas e ela nunca me deixou na mão, passando com louvor na estética e na sonoridade; não desafinava facilmente, sempre bem calibrada, falava alto nos solos com harmônicos e o brilho dos agudos sempre foi uma marca. Eu adoro essa guitarra, ainda mais hoje em dia que ela se tornou uma senhora, uma senhora de 33 anos! 

Grande abraço,

Juninho Maia 

Arquivo pessoal
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Turmalina in natura
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